1Faltavam apenas dois dias antes da celebração da festa chamada Páscoa, quando se comia pão sem fermento. As pessoas celebravam esta festa durante uma semana inteira. Os principais sacerdotes e professores da lei que Deus tinha dado a Moisés planejavam uma maneira de prender Jesus secretamente para que as autoridades o matassem.
2Mas eles diziam uns aos outros: -Não vamos fazer isto durante a festa chamada Páscoa, pois se assim fizermos, as pessoas que apoiam Jesus vão ficar zangadas e talvez fazer um motim.
3Quando Jesus estava na vila de Betânia, na casa de Simão, um homem que Jesus tinha curado de lepra, entrou uma mulher durante o jantar. Ela trazia um frasco feito de alabastro, cheio de um perfume caro e cheiroso chamado nardo. Ela abriu o frasco e derramou o perfume na cabeça de Jesus.
4Alguns dos presentes se zangaram e disseram uns aos outros: -Que desperdício de perfume!
5Poderia ser vendido por mais dinheiro do que se ganha num ano inteiro, e então ele poderia dar o dinheiro aos pobres. Assim eles criticavam a mulher.
6Mas Jesus disse: -Não perturbem essa mulher! Não quero que a incomodem, pois ele fez algo gostoso para mim.
7Vai ter sempre pobres entre vocês, por isso vocês podem ajudá-los quando quiserem; porém, eu nem sempre vou estar aqui entre vocês. Por isso é bom as pessoas mostrarem o seu amor por mim enquanto estou aqui na terra.
8Portanto, é apropriado ela fazer o que pôde. Especificamente, é como se ela soubesse que eu ia morrer, por isso veio ungir meu corpo antes da morte para me preparar para o enterro.
9Digo de verdade que por todo o mundo, onde as boas notícias forem pregadas, as pessoas vão contar o que ela fez, e como resultado todo o mundo vai se lembrar dela.
10Então Judas, que era da vila de Cariote, um dos doze discípulos, foi falar com os principais sacerdotes sobre o plano de entregar Jesus em mãos deles.
11Quando eles ouviram as palavras dele, ficaram bem contentes e prometeram dar dinheiro a ele por ter feito isso. Como resultado, ele começou a tramar uma maneira conveniente de trair Jesus.
12Já era o primeiro dia da festa chamada Páscoa, quando as pessoas costumavam comer pão sem fermento e matar carneirinhos, como Deus mandou seus antepassados fazerem quando os salvou dos egípcios. Os discípulos de Jesus disseram a ele: -Onde você quer que preparemos o jantar da Páscoa para nós?
13Então ele mandou dois dos discípulos fazer este serviço, dizendo primeiro a eles: -Vão até a cidade de Jerusalém. Lá um homem carregando uma jarra de água vai se encontrar com vocês. Sigam após ele.
14Quando ele entrar numa casa, digam ao dono da casa, “O mestre quer saber onde fica a sala que ele reservou em que ele deve comemorar o jantar da Páscoa com seus discípulos.”
15Ele vai lhes mostrar uma sala bem grande no andar de cima da casa, já mobiliada e pronta para nosso jantar. Preparem ali a comida para nós.
16Os dois discípulos saíram. Eles foram até a cidade, e encontraram tudo como Jesus tinha falado. Então prepararam o jantar da Páscoa.
17Quando já era de noite, Jesus chegou com os doze discípulos nessa casa.
18Enquanto eles estavam sentados, jantando, Jesus disse: -Digo de verdade que um de vocês vai me entregar em mãos dos meus inimigos. Especificamente, é um de vocês que estão jantando comigo.
19Os discípulos ficaram muito tristes e disseram a ele, um por um: -Com certeza não sou eu!.
20Então ele disse a eles: -É um de vocês doze discípulos, aquele que molha o pão no prato comigo.
21É verdade que eu, o homem do céu, vou morrer para cumprir o que foi dito sobre mim nas Escrituras, mas ai daquele homem que vai entregar o homem do céu em mãos dos inimigos. De fato, para ele era melhor nunca ter nascido.
22Enquanto eles estavam comendo, Jesus pegou um pão; deu graças a Deus pelo pão, partiu em pedaços, deu a todos eles e disse: -Peguem esse pão, que representa meu corpo.
23Depois, pegou o cálice de vinho; deu graças a Deus pelo vinho, passou para eles, e todos beberam do cálice.
24Ele disse a eles: -Este vinho representa meu sangue, que em breve vou derramar por muitas pessoas, para confirmar a aliança que Deus fez para salvar as pessoas.
25Digo de verdade que não vou beber mais vinho até o momento de beber com um novo significado quando Deus estiver reinando.
26Depois de cantarem um hino, eles saíram em direção ao Monte das Oliveiras.
27Enquanto estavam caminhando, Jesus disse a eles: -Todos vocês vão me abandonar e fugir, pois vai se cumprir aquilo que os profetas escreveram nas Escrituras, que Deus disse sobre mim, “Vou matar o pastor, e as ovelhas dele vão ficar espalhadas.”
28Mas, depois de Deus me fazer viver de novo, vou adiante de vocês e encontrar- me com vocês no distrito da Galileia.
29Então Pedro disse a ele: -Se todos os demais discípulos abandonarem você, você vai achar que eu também vou lhe abandonar; mas eu não vou abandonar você.
30Então Jesus disse a ele: -Digo de verdade que, nesta mesma noite, antes do galo cantar a segunda vez, você mesmo vai negar três vezes que me conhece!
31Mas Pedro respondeu com força: -Mesmo que seja preciso eu morrer com você, não vou negar conhecê-lo. E todos os demais discípulos disseram o mesmo.
32Jesus e os discípulos foram a um lugar chamado Getsêmani. Então ele disse a alguns dos discípulos: -Sentem-se aqui, enquanto eu vou orar.
33Então ele levou consigo Pedro, Tiago e João. Ficou perturbado e angustiado, e disse a eles,
34–Sinto tanta tristeza que parece que vou morrer. Fiquem aqui, bem acordados.
35Ele se afastou um pouco; prostrou-se no chão e orou que, se fosse possível, pudesse evitar aquilo que ia acontecer a ele nas próximas horas.
36Jesus disse: -Aba, meu Pai! Já que você é capaz de fazer qualquer coisa, afasta de mim isto que devo sofrer agora. Mas não faça aquilo que eu quero, senão aquilo que você quer.
37Então ele voltou e encontrou os discípulos dormindo. Ele os acordou e disse a Pedro: -Simão! Fico decepcionado com você, que está dormindo e nem pôde ficar acordado durante tão pouco tempo.
38E ele disse a todos eles: -Fiquem acordados, orando, para poderem resistir a tentação de Satanás, pois vocês querem fazer o que digo, mas não têm bastante força para realmente conseguir.
39Então ele se afastou novamente e começou a orar, dizendo as mesmas palavras.
40Quando ele voltou, encontrou os discípulos dormindo de novo porque tinham muito sonho. E eles nem sabiam o que dizer a Jesus quando ele os acordou.
41Então ele foi orar mais uma vez; voltou pela terceira vez e os encontrou dormindo de novo. Ele disse a eles: -Fico desapontado com vocês, pois ainda estão dormindo e descansando. Já dormiram o suficiente. Chegou a hora que Deus designou para eu sofrer. Escutem bem! Vem alguém trair o homem do céu, e ele vai me entregar em mãos dos pecadores para eles fazerem o que quiserem comigo.
42Portanto, levantem-se! Vamos! Olhem! Acaba de chegar o homem que quer me entregar em mãos dos meus inimigos.
43Enquanto ele ainda estava falando, chegou Judas, um dos doze discípulos. Com ele veio uma multidão levando espadas e cacetes, mandada pelos principais sacerdotes, professores da lei que Deus tinha dado a Moisés e anciãos.
44Antes disso, para saberem qual dos homens deveriam prender, Judas (que ia entregar Jesus nas mãos dos seus inimigos) tinha dito a eles: -O homem que eu beijar é aquele que vocês querem prender. Portanto, peguem-no e guardem com cuidado.
45Por isso, ao chegar, Judas foi imediatamente até Jesus e disse: -Meu mestre! E beijou Jesus.
46Então a multidão pegou Jesus e guardou bem seguro.
47Um dos discípulos que estava por perto puxou da espada e bateu no servo do grande sacerdote, cortando a orelha dele.
48Jesus respondeu, dizendo a eles: -É ridículo vocês virem aqui para me prender com espadas e cacetes, como se eu fosse um bandido.
49Dia após dia eu estava com vocês no templo, ensinando o povo, e vocês não me prenderam. Mas isto está acontecendo para cumprir aquilo que foi escrito sobre mim nas Escrituras.
50Todos os discípulos abandonaram Jesus e fugiram.
51Naquele tempo eu, um jovem, estava seguindo Jesus; vestia somente um pano de linho em volta do meu corpo. A multidão me prendeu,
52e eu fugi nu, deixando nas mãos do povo o pano que vestia.
53As pessoas que prenderam Jesus o levaram para a casa onde morava o grande sacerdote. Todos os principais sacerdotes, anciãos e professores da lei que Deus tinha dado a Moisés estavam reunidos lá.
54Pedro seguiu atrás de Jesus, bem longe; ele entrou no pátio da casa onde morava o grande sacerdote, e ficou lá. Ele estava sentado com os homens que guardavam a casa do grande sacerdote, esquentando-se perto do fogo.
55Os principais sacerdotes e o conselho judaico procuravam pessoas que pudessem testemunhar contra Jesus para matá-lo. Mas não conseguiram encontrar ninguém
56pois, embora muitas pessoas falassem com mentiras contra ele, elas se contradiziam umas às outras.
57Especificamente, algumas pessoas ficaram de pé e mentiam assim,
58–Ouvimos Jesus dizer, “Vou destruir este templo construído pelos homens, e dentro de três dias vou construir outro templo não edificado pelos homens.”–
59Mas as palavras de alguns destes homens contrariaram as palavras de outros.
60O grande sacerdote se levantou na frente deles e disse a Jesus: -Fico surpreso de você não responder nada. O que você tem a dizer sobre aquilo que eles estão dizendo, acusando você?
61Mas embora fosse inocente das acusações, Jesus ficava calado e não respondeu nada. O grande sacerdote tornou a perguntar, dizendo a ele: -Você é o Messias, o Filho de Deus?
62Jesus disse: -Sou. E você vai me ver, o homem do céu, sentado onde se senta a pessoa mais honrada, ao lado de Deus todo-poderoso, e também vai me ver descendo através das nuvens.
63O grande sacerdote rasgou as roupas, conforme o costume deles, para mostrar que estava horrorizado com a afirmação de Jesus de que era igual a Deus; depois disse: -Não precisamos de mais testemunhas contra ele,
64pois vocês todos ouviram o que ele disse contra Deus, alegando ser igual a Deus. Portanto, qual é a sua decisão? Eles todos disseram que Jesus era culpado e devia morrer.
65Alguns deles começaram a cuspir em Jesus. Puseram um pano para tapar os olhos dele e começaram a bater nele, dizendo: -Se você for profeta, diga quem foi que lhe bateu! Aqueles que guardavam a casa onde morava o grande sacerdote deram bofetadas em Jesus.
66Enquanto Pedro ficava no pátio, fora da casa, uma das empregadas do grande sacerdote se aproximou dele.
67Quando viu Pedro aquecendo- se perto do fogo, olhou bem na cara dele e depois disse: -Você também esteve com Jesus, aquele homem da vila de Nazaré.
68Mas ele o negou, dizendo: -Não o conheço e não entendo de que você está falando. E ele se retirou dali para o portão do pátio.
69A empregada o viu lá e disse novamente às pessoas reunidas perto dali: -Este homem foi um daqueles que estavam com Jesus.
70Mas ele negou de novo. Pouco depois, as pessoas ali reunidas disseram novamente a Pedro: -Está claro que você esteve com Jesus, pois a maneira como você fala mostra que você também é do distrito da Galileia.
71Mas ele começou a exclamar: -Não conheço o homem de que vocês estão falando! Já que Deus sabe que digo a verdade, que ele me castigue se não é como eu digo!
72Imediatamente o galo cantou pela segunda vez. Pedro se lembrou o que Jesus tinha dito a ele: -Antes do galo cantar duas vezes, você vai negar três vezes que me conhece. Quando Pedro se deu conta do que tinha feito, começou a chorar.